Você sabia que o veganismo pode se tornar popular e influenciar a vida de todos? O veganismo popular é uma linha do veganismo que se opõe ao veganismo elitista, pois tem por objetivo facilitar o acesso à informação e popularizar o veganismo para fazermos a diferença em coletivo e não com ações individuais.

Nesse post vamos explorar melhor esses conceitos para que você possa compreender e fazer parte de um veganismo mais consciente.

O que é veganismo popular

O veganismo popular é uma vertente do veganismo que tem por objetivo tornar o estilo de vida vegano popular, ou seja, torná-lo acessível a todas as pessoas. Pode parecer um conceito simples, mas o veganismo popular é extremamente eficaz na transformação do mundo e tem impacto em aspectos econômicos, sociais e até políticos.

Esse impacto positivo existe devido a atuação coletiva, quando trazemos muitas pessoas para o estilo de vida vegano, a soma das ações individuais se torna muito maior e, por isso, salvamos o meio ambiente, os animais e melhoramos nossa qualidade de vida.

Mas de onde vem o veganismo popular

A maioria dos países vive sob o sistema capitalista de produção, onde o lucro das empresas está acima de todas as questões sociais: moradia, saúde, educação, meio ambiente, etc.

Nesse sistema, questões vitais como as expostas acima ficam em segundo plano e é muito comum vermos frases como: "Cuidar do meio ambiente não é lucrativo".

O veganismo elitista é o resultado do capitalismo na causa vegana e é a origem de diversos problemas que vamos abordar a seguir, mas é importante termos em mente que o veganismo popular é a alternativa para se opor ao modo de produção capitalista.

No sistema capitalista, até existem iniciativas que tentam mudar a realidade de lucro acima de tudo, como por exemplo o crédito de carbono, que transforma a redução da emissão de carbono em uma mercadoria. Mas como tudo no sistema capitalista depende de lucro, a compra de créditos de carbono se torna um mercado lucrativo onde grandes empresas compram créditos para continuar poluindo o meio ambiente, em especial as empresas do agronegócio.

Além disso, sabemos que a sede por lucro dos grandes empresários continuará gerando impactos ambientais devastadores, uma vez que a indústria alimentícia depende diretamente do consumo desenfreado de carne animal e, por isso, o agronegócio explora ao máximo o meio ambiente e consome milhares de litros de água e grãos por dia para manter enormes pastos com gados que serão abatidos para alimentar a indústria carnívora.

Em vista disso, o veganismo popular vem como uma alternativa de enxergar o estilo de vida não vegano com maior clareza e maior amplitude. Nós entendemos que ações individuais ajudam, mas é no coletivo que vemos esperança para um mundo sem sofrimento animal e ambiental.

Quando deixamos de individualizar o problema, a gente passa a entender que a crise climática não existe por causa de um banho de 5 a 10 minutos que tomamos, mas sim da devastação que é feita em nossas florestas para o agronegócio, que além de devastar, ainda polui e desperdiça milhares de litros de água para manter o plantio de grãos que alimentarão as inúmeras cabeças de gado e estas, por sua vez, serão abatidas para alimentar a sede por carne animal da indústria alimentícia.

Imagine quantos animais seriam libertados de seus cativeiros se não houvesse mercado consumidor de carne, imagine o quanto a reprodução desses animais é estimulada para atender à demanda do mercado e, portanto, o quanto de água, grãos e terras são necessárias para manter esse sistema funcionando.

Veganismo Popular vs Veganismo Elitista

Como exploramos no tópico anterior, o veganismo popular é uma ferramenta poderosa para reduzir o impacto causado pelo sistema do lucro no meio ambiente, em nossa saúde, alimentação e até na política. Porém o veganismo elitista é totalmente oposto ao popular e é aliado do sistema de lucros, que coloca a riqueza de poucos acima da vida de muitos.

No veganismo elitista, o estilo de vida vegano é apropriado pelas grandes indústrias com o objetivo de torná-lo também uma mercadoria. Dessa forma, existem alguns aspectos que deixam claro o quão prejudicial é essa linha do veganismo.

Vamos apresentar abaixo os ideais do veganismo elitista para compreendermos o motivo pelo qual esse conceito nos afasta de um mundo verdadeiramente sustentável e prejudica nossa luta.

1. Veganismo é mercadoria: Para a vertente do veganismo elitista, o estilo de vida é uma mercadoria e, portanto, o lucro está acima de tudo. Logo, essa vertente é a responsável por formar alianças com grandes indústrias que não se preocupam com a vida dos animais, nem do planeta.

Daí surgem presos exorbitantes em produtos de linha vegana, tornando assim o acesso inviável para a grande maioria da população.

2. Veganismo é uma questão individual: O segundo pensamento elitista é o de que o indivíduo é responsável pelos problemas que existem no mundo. Logo, a culpa pela crise climática e sanitária são de pessoas e não de corporações.

Dessa forma, cria-se uma narrativa de que as empresas e governos aliados a elas são isentos da responsabilidade de contribuir para a causa vegana, para o meio ambiente, saúde, educação e todos os demais temas sociais.

Aí vemos frases como: "Só você pode fazer a diferença", "Veganismo não funciona porque o ser humano é cruel por natureza", "Você precisa parar de consumir carne para salvar o mundo", "Você não consegue ser vegano porque é fraco", etc.

3. Veganismo é sinônimo de evolução moral: Pessoas veganas entendem bem a importância do estilo de vida para o planeta, para a vida dos animais e para nossa saúde. No entanto, o veganismo por si só não é sinônimo de evolução moral.

Existem diversos exemplos de veganos que cometeram atrocidades contra a humanidade. O verdadeiro pensamento vegano é humilde e reconhece que a transformação do mundo parte do coletivo e não de uma conquista individual.

4. Todos devem ser livres para escolherem ser veganos ou não: Embora essa ideia tenha um fundo de razão, a forma como ela se traduz em ações práticas é onde mora o problema do veganismo elitista. Aqui essa frase é usada como motivo para distanciar as pessoas do veganismo, como se o veganismo fosse um status que apenas pessoas dignas merecem ter.

No fim, o veganismo elitista atua lado a lado ao capitalismo, que depende de lucro para continuar existindo e esse lucro depende de poderosas campanhas de marketing para influenciar as pessoas.

Nesse bombardeio de propagandas (muitas vezes enganosas), nós vamos aos poucos perdendo nossa liberdade de escolha, fato que por si só já contrasta com a liberdade tão defendida pelo liberalismo. Não é possível sermos verdadeiramente livres enquanto o mercado controlar nossos gostos para obter lucro.

Apesar de defenderem essa ideia de liberdade de escolha, normalmente são os veganos liberais que pressionam e julgam aqueles que ainda estão na luta para o veganismo, como se a conquista fosse fácil para todos e não dependesse de fatores socioeconômicos.

5. Veganismo é status e poder: Esse pensamento é muito comum entre os veganos liberais e ele parte de uma perspectiva de falta de humildade para reconhecer o significado de sermos veganos.

Existe uma prepotência nesse argumento e é importante lembrar que é mais fácil ser vegano quando se tem dinheiro para pagar pelos alimentos orgânicos, para custear cozinheiros e cozinheiras que preparem as refeições.

Então esse pensamento está completamente distante da realidade da maioria das pessoas e quando nós, trabalhadores, não conseguimos dar conta, sentimos uma intensa culpa, pois o veganismo elitista nos responsabiliza pelos "fracassos" sem considerar que o problema é de ordem social e não individual.

Mas como posso atuar no veganismo popular

Agora que entendemos o conceito de veganismo popular e elitista, podemos iniciar nossas mobilizações para fazer a diferença. Como vimos que o problema não deve ser individualizado, entendemos que é através da organização que podemos fazer a diferença. Isso envolve a participação em grupos que estejam dispostos a socializar o veganismo e, para isso, existem diversas estratégias que podem ser adotadas por diversas entidades.

Aqui no App Go Vegan, nós buscamos algumas soluções para facilitar o acesso ao veganismo, por exemplo:

1. Produção de conteúdo educativo gratuito através de postagens como essa.

2. Criação do desafio vegano das 12 semanas com opção de acesso gratuito para pessoas com baixa renda.

3. Inclusão de receitas veganas de baixo custo, como receitas veganas à base de ingredientes baratos e fáceis de encontrar.

4. Incentivo ao veganismo por meio da conscientização, com linguagem acessível e o plano de dieta vegana.

Para além dos horizontes de um aplicativo, há muito mais que podemos fazer, seja ingressando em causas humanitárias, pelo meio ambiente, pela causa vegana ou até na política para a criação de políticas públicas voltadas ao veganismo ou à proteção do meio ambiente. Há diversos coletivos que atuam com essas pautas sociais e é importante conhecermos os movimentos e fazermos parte das lutas em conjunto.

Um exemplo de atuação política forte para o veganismo é a inclusão de alimentação vegana em escolas municipais, estaduais e federais. Campanhas como essa podem ser difundidas na política para reduzirmos o consumo de carne animal em larga escala, além de melhorar a saúde dos alunos e contribuir para o meio ambiente.

É importante lembrar que um único dia sem carne faz muita diferença, então podemos imaginar o impacto que o coletivo faz quando diversas escolas públicas adotam a prática diariamente e transformam a vida de milhares de pessoas.

Agora que você já conhece mais sobre o veganismo popular, venha se engajar com o veganismo no App Go Vegan, mas não se esqueça que há muitas lutas que você pode tocar fora da internet.